Peter Pan: Do you believe in fairies?
Clara Coelho – 8023150
Dora Leroy – 8569594
Gabriel V. Lazzari – 8024731
Paula Marcele Sousa Martins – 8026494
Juliana P. Sergio - 8027460
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Dora Leroy – 8569594
Gabriel V. Lazzari – 8024731
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História: Peter Breaks Through
A história
conhecida como Peter Pan é a
adaptação em livro de uma peça escrita por J. M. Barrie, que foi encenada pela
primeira vez em 27 de dezembro de 1904, tendo o livro sido lançado em 1911. O
título original era Peter Pan or The Boy
Who Wouldn’t Grow Up (“Peter Pan ou O Garoto Que Não Cresceria”, em
tradução livre) ou ainda, lançado posteriormente, Peter and Wendy (“Peter e Wendy”). Fez enorme sucesso de bilheteria
à época, apesar de críticas à temática fantástica escolhida por Barrie.
O livro conta a
história de uma menina, Wendy Darling, a qual se engaja em aventuras
interessantíssimas na Terra do Nunca na companhia de seus irmãos, John e
Michael Darling. Quem os leva para lá é ninguém mais, ninguém menos do que o
personagem que dá título ao livro: Peter Pan.
Em uma noite
fria de Londres, os pais dos irmãos Darling, George e Mary, saem para um evento
social do trabalho do Mr. Darling (Sr. Darling), deixando os filhos sob os
cuidados atentos de Nana, a babá das crianças. É importante lembrarmos que Nana
é um cachorro, da raça São-Bernardo, conhecida por ser uma raça de cachorros
cuidadosos, pois se envolviam no resgate de expedicionários perdidos na neve,
por isso, cuidava bem das crianças. Há uma briga antes da saída do casal
Darling, por causa do cachorro. George acreditava ser um ultraje a babá de seus
filhos não ser humana, porém a falta de dinheiro da família não lhes permitia
tal luxo, mas eles vão mesmo assim ao evento. Essa problemática da tensão entre
os pais será um dos motivos que influenciarão as crianças a saírem em suas
aventuras.
Durante essa
noite, Peter Pan entra na casa da família Darling em busca de sua sombra. Peter
havia perdido sua sombra quando, noutra noite, entrara na mesma casa, mas foi
percebido por Nana, a babá-cachorro. Ela, então, persegue Peter, que tenta
fugir pela janela, mas sua sombra fica presa quando Nana fecha a janela para
contê-lo. Ao recuperar sua sombra, acorda Wendy, que o ajuda, costurando a
sombra de volta em seus pés. Peter convida-a para ir com ele para sua morada, a
Terra do Nunca. Wendy decide ir, com a condição de levar seus irmãos.
A Terra do Nunca
é descrita como a mente de uma criança. É uma ilha cheia de alegrias e
fantasias. Há piratas, índios, sereias, fadas e meninos perdidos, que são
meninos que se perderam de suas famílias no parque de Kensington, e são os
companheiros de Peter na Terra do Nunca. O plano de Peter era fazer de Wendy
sua mãe, e também dos meninos perdidos. As personagens da ilha são saídas da
imaginação típica das crianças do século XIX, influenciadas por uma vasta
literatura de aventuras, como As Viagens
de Gulliver (Jonathan Swift), Robinson
Crusoe (Daniel Defoe) e A Ilha do
Tesouro (Robert Louis Stevenson). Muitas aventuras envolvem as crianças,
principalmente contra o principal antagonista do livro e arqui-inimigo de Pan:
Capitão James Hook (James Gancho), um pirata cruel que navega com seu navio
Jolly Rogers e sua tripulação de piratas pelas águas que envolvem a Terra do
Nunca.
Ao final das
aventuras, Wendy e seus irmãos sentem saudades de casa e decidem retornar a
Londres, encontrando seus pais preocupados com seu desaparecimento. Os irmãos
Darling percebem que queriam ter voltado antes, mas teriam perdido tantas
experiências emocionantes na Terra do Nunca. Voltam trazendo os meninos
perdidos, que são adotados pela família Darling, que deixa de lado seus
problemas financeiros para reencontrarem o amor em sua família.
Ainda há um
epílogo da obra, em que vemos Wendy, agora adulta, com sua filha, Jane, para quem
conta as histórias sobre Peter Pan. Então, uma noite acontece uma “tragédia”. Peter
volta para buscar Wendy, sem se dar conta de que ela havia crescido e se
tornado adulta. Mas Jane, sua filha, vai com ele para a Terra do Nunca, e então
o narrador nos conta que esse processo vai ocorrer para sempre, com Peter
sempre voltando em busca de uma menina para ser sua mãe e isso continuará
“enquanto as crianças forem alegres e inocentes e desalmadas” (BARRIE, 1995:
185, em tradução livre).
Autor: The
Shadow
James Matthew
Barrie (1860-1937) foi um escritor escocês de sucesso em sua época, conhecido
fundamentalmente por ter escrito Peter
Pan. Estudou na Universidade de Edimburgo e depois seguiu carreira como
jornalista e escritor. Mudou-se para Londres para se concentrar mais em sua
escrita e publicou uma série de romances, que ficaram menos conhecidos, mas na
época ficaram famosos (BARRIE, 1995: 1).
A vida pessoal
de Barrie é tema até hoje de polêmicas. Casou-se com uma atriz, Mary Ansell,
mas veio a se separar dela em 1909. Ficou bastante próximo da família de seu
amigo Arthur Llewelyn Davies e sua mulher, Sylvia, adotando, posteriormente,
seus cinco filhos, por causa da morte prematura do casal.
A aproximação
com a família Llewelyn Davies fez com que Barrie criasse um vínculo com as
crianças, para quem contava histórias. Essas, posteriormente, tornaram-se parte
da peça e do livro Peter Pan. Algumas
personagens foram inspiradas nos integrantes da família, como o filho do meio, Peter,
com o nome do protagonista; o mais velho, George, com o nome do Mr. Darling; o
segundo mais velho, John, com o nome de um dos irmãos, e os mais novos, Michael
e Nicholas, dando nome ao irmão mais novo. Além disso, significativamente, o
autor dá seu próprio nome ao inimigo de Peter, James Gancho.
Adaptação
animação: The Island Come True
A animação da
Disney baseada em Peter Pan estreou nos cinemas estadunidenses em 1953. O filme
conta a história do livro, focando em algumas aventuras pontuais do enredo. Teve
problemas para ser produzido, porque vinha sendo pensado desde os anos 1930,
mas a eclosão da Segunda Guerra Mundial, com os ataques a Pearl Harbor, adiou
os planos dos Estúdios Disney, que se dedicaram a produzir propaganda para a
guerra.
O filme foi
muito bem recebido pelo público e pela crítica, tendo recebido nomeações para o
Instituto Americano de Filmes (100 anos... 100 heróis e vilões – Peter Pan;
Maiores Musicais; e 10 Top 10). No entanto, isso não eximiu a animação de
receber críticas, das quais uma importante foi a representação dos nativos
americanos na obra, exaltada principalmente na música “What makes the redman red?” (em uma tradução livre, “O que faz o
índio ser vermelho?”). Podemos observar assim o racismo presente na música:
tanto pela questão da cor dos nativos americanos, quanto pelo próprio uso do
termo “redman”, o qual é uma forma pejorativa de denominá-los.
Na tradução
brasileira, o estereótipo de raça continua, porém não se foca tanto na questão
da cor de pele, mas sim no aspecto cultural. Percebemos isso com o próprio
título, “Por que o índio diz au?”.
Comparação das obras: “Hook or Me This Time”
Apesar de a
animação ser baseada no livro de Barrie, há várias questões que marcam a
transposição de uma obra para outra, resultando por vezes em dessemelhanças.
Uma diferença fundamental é o foco de cada. Enquanto o livro se detém
principalmente na discussão sobre o crescimento e amadurecimento das crianças,
a versão de Walt Disney prefere se voltar às aventuras em si, vividas na Terra
do Nunca. Podemos observar isso na própria sinopse do filme, a qual se descreve
como uma “fascinante história que nos ensina a importância de acreditar nos
próprios sonhos”, opondo-se à mensagem subjacente à obra de Barrie, a qual
aponta também para os benefícios de abandonar os próprios sonhos de criança
(CANI, 2008).
Essa
simplificação (e, talvez, inversão) da mensagem da obra pode trazer em si
problemas. A recepção do filme por muitas crianças espalha a mensagem de que o
legal é não crescer; Pan é o herói da animação, indiscutivelmente. Suas ações
não são criticadas, como no livro, e, por isso, suas posições podem ser tomadas
como positivas e modelares para os jovens espectadores. O livro (assim como a
peça), ao contrário, se propõe a apresentar um mundo de imaginação, que é
compartilhado pelas crianças e faz parte da experiência da infância, aliando
isso a uma orientação (simbólica) visando ao amadurecimento delas. Essa boa
visão do amadurecimento tem seu fechamento circular no final do livro, com a
constatação da ciclicidade da infância e do crescimento na vida de todas as
pessoas por meio da família Darling e as apresentadas sucessões das filhas, das
filhas...
As you look at Wendy you may see her hair becoming white, and her figure little again, for all this happened long ago. Jane is now a common grown-up, with a daughter called Margareth; and every spring-cleaning time, except when he forgets, Peter comes for Margareth and takes her to the Neverland, where she tells him stories about himself, to which he listens eagerly. When Margareth grows up she will have a daughter, who is to be Peter’s mother in turn; and thus it will go on. [BARRIE, 1995: 185]
Uma sutil
característica de Peter é sua idade. Em alguns momentos do livro, fica expresso
que ainda tem “his first teeth” (“seus dentes de leite”, em tradução livre),
indicando ter por volta de seis anos. Na animação, contudo, a idade aparente de
Peter é maior, podendo ser estimada em doze anos, em sua pré-adolescência.
Nesse sentido, é mais pertinente o desejo de não crescer de uma criança de seis
anos do que de um pré-adolescente de doze, fazendo com que a obra de Barrie
seja mais adequada para guiar esse amadurecimento infantil.
Outra questão
interessante de se notar é a figura do pai, George Darling, nas diferentes
versões de Peter Pan. A tradição da
peça de teatro é que o ator que interpreta George é o mesmo que interpreta o
Capitão Gancho. No livro, porém, apenas com o suporte verbal, esse vínculo
entre os dois personagens não aparece. Na versão animada, contudo, temos uma
aproximação e um afastamento da tradição: ao mesmo tempo em que ambas as
personagens são dubladas pelo mesmo ator, as figuras desenhadas são díspares (o
pai é gordo, com bigode cheio, nariz empinado e tem cabelo curto, enquanto
Gancho é magro, com bigode fino, nariz adunco e tem cabelo longo).
Outro ponto
interessante de se notar é a omissão do paradeiro dos meninos perdidos na
versão da Disney. Como essa versão se foca nas aventuras ocorridas na Terra do
Nunca, em vez de tratar sobre o crescimento das crianças, pouco importa a
escolha dos meninos perdidos crescerem. Na verdade, é mais adequado eles
ficarem na ilha, como parte de um sonho, ou de uma imaginação, do que voltarem
à realidade tangível, engajando-se no crescimento, próprio de toda criança –
exceto uma, Peter Pan.
Ainda pensando
na questão do crescimento, um dos pontos imprescindíveis na obra de Barrie,
porém totalmente ignorado por Disney, é a existência de um beijo escondido nos
lábios de Wendy. Desde o começo do livro se menciona um beijo, que Wendy
oferece para Peter. Ele, porém, não entende o que isso significa, acreditando
que se trata de um objeto. No final da história, ao fim da batalha contra os
piratas, Wendy beija-o. E Peter fica tão feliz que recupera suas forças e
derrota Gancho.
Podemos
considerar o beijo como um rito de amadurecimento erótico-afetivo, que é parte
do crescimento de uma criança. Assim, é sintomático que, na animação, menos
focada no crescimento e mais nas aventuras de criança, esteja ausente essa
passagem; o foco no amadurecimento, dado na peça e no livro, é coerente a tal
momento.
Conclusão: When
Wendy Grew Up
Percebemos,
assim, uma oposição nos focos dados na animação de Walt Disney e no livro/ peça
de J. M. Barrie. Essa oposição se dá pelo enfoque no crescimento e
amadurecimento infantil (livro/ peça), alterado na versão animada para deter-se
nas aventuras vividas pelos irmãos Darling na Terra do Nunca.
Essa dissonância
fundamental desdobra-se em outras, a saber o objetivo de cada obra (mais de
formação ou mais de entretenimento); as diferentes figurações de Peter Pan, em
fases distintas do desenvolvimento infantil (criança ou pré-adolescente); a
vinculação entre as figuras de Gancho e do pai (fundamental para uma visão de
coerência entre o imaginário infantil e a realidade), ausente no livro (por uma
questão de suporte), presente na peça, e em partes na animação; o paradeiro
final dos meninos perdidos (voltarem para Londres ou permanecerem na Terra do
Nunca); e, por fim, o beijo de Wendy, símbolo do desenvolvimento sexual da
criança.
BIBLIOGRAFIA
AMERICAN FILM INSTITUTE. AFI's
100 Years...100 Heroes and Villains. Los Angeles: AFI, 2008.
__________. AFI's Greatest
Movie Musicals - Nominated. Los Angeles: AFI, 2000.
__________. AFI's 10 Top 10.
Los Angeles: AFI, 2000.
BARRIE, James Matthew. Peter Pan. Londres: Penguin Books, 1995.
CANI, Isabelle. Harry
Potter, ou, o anti-Peter Pan: para acabar com a magia da infância. São
Paulo: Madras, 2008.
CORSO,
Diana Lichtenstein. A psicanálise na Terra do Nunca : ensaios sobre a
fantasia. Porto Alegre : Penso, 2011.
PETER
PAN. Direção: Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske. Walt Disney
Studios, 1953. 76 min.
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