quinta-feira, 30 de abril de 2015

CRESCENDO COM OS CONTOS


Como já diria a Fada Madrinha “Até milagres levam certo tempo”. O tempo nos diz quem somos e como agimos, muda nossa forma de pensar e nosso imaginário. Os sonhos mudam com o tempo, e também os sonhadores. O tempo será fator crucial nesta análise que visa observar as semelhanças e as diferenças entre as versões escritas dos contos de fadas – que datam um tempo muito longínquo – e suas adaptações em formato de filme pelos estúdios Disney que viraram ícones dos tempos modernos.


O ponto de partida foi a escolha do texto-base, uma vez que a utilização dos originais (existem originais?) seria problemática devido a origem oral e coletiva dos contos. Como o problema da autoria não é o objetivo desta discussão, escolhemos a versão dos Irmãos Grimm levando em conta sua influência no imaginário contemporâneo. A escolha pelos Grimm deu-se também da necessidade de trabalharmos com um texto acessível e único, mas principalmente porque os estúdios Disney têm adaptações cinematográficas de alguns de seus contos que poderiam ser usadas nesta análise. Com a intenção de restringir o enfoque, selecionamos apenas dois contos dos Irmãos Grimm, A Gata Borralheira e Rapunzel, e dois filmes animados da Disney, Cinderela (1950) e Enrolados (2010). Contudo, decidimos acrescentar, ainda, o filme musical Caminhos da Floresta (2014), que também foi produzido pela Disney e por isso assume-se que representa valores e ideais similares, todavia direcionado a um público mais adulto. Esta versão mais recente representa uma adaptação dos contos de fadas em outro formato, e é o ponto onde as histórias analisadas aqui se encontram, mostrando as suas semelhanças e diferenças. Algumas dessas diferenças fazem parte do processo de adaptação, principalmente da obra literária para o cinema; outras, ainda, devem-se à distância temporal entre as versões. Algumas das semelhanças e diferenças serão apontadas e analisadas, de modo a auxiliar o entendimento da adaptação do conto infantil.

.           A nossa análise começa com as versões dos Irmãos Grimm, continua com as versões animadas e termina com o filme musical, produção mais recente destas histórias[1], devido a grande reunião das personagens em uma única obra. Dessa forma, sabendo que os responsáveis pelas adaptações, Jacob e Wilhelm Grimm e Walter Disney, foram influenciados pelo contexto histórico-social que os cercava, é de extrema importância observar esses momentos para descobrirmos a fundo a motivação para a ascensão das histórias.

Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859) Grimm viveram no território que hoje pertence à Alemanha, entre os séculos XVIII e XIX. Os irmãos viveram durante os anos da Revolução Francesa (1789) e das subsequentes guerras napoleônicas, que invadiram o território alemão e acabaram desenvolvendo um espírito nacional para a expulsão dos invasores franceses. Eles também presenciaram a Revolução de 1848, além das transformações sociais e econômicas que levavam a Europa para a modernidade burguesa e que culminaram no movimento cultural do romantismo. Tamanha instabilidade social fez crescer uma nova apreciação pelo passado e pela identidade nacional, aspecto que caracteriza o movimento romântico e pode ser visto no trabalho dos Grimm – o de resgatar a tradição oral e colocá-la unida em forma de livros.  O fato de esses livros serem especialmente destinados às crianças também tem relação com o momento histórico, já que a ascensão da burguesia foi o que possibilitou a noção da infância como uma fase da vida diferente da adulta e que requer atenções, cuidados e literaturas especiais.


Walter Disney (1901-1966), por sua vez, viveu nos Estados Unidos durante um período de desenvolvimento econômico do país. As duas guerras que assolaram a Europa tiveram a participação estadunidense, principalmente no que se refere à venda de armamentos, logo, o país lucrou mais do que perdeu com guerras distantes do próprio território. Esse processo transfere poder e centralidade econômica e cultural, da Europa para os Estados Unidos, que começa a desenvolver uma indústria de entretenimento. Disney inicia sua carreira com desenhos voltados ao público infantil e faz sua grande estreia com o primeiro longa-metragem colorido e com som: um conto de fadas, Branca de Neve e os Sete Anões (1937).  Mais tarde, ele consegue estabilizar economicamente sua companhia no pós-guerra com o longa Cinderela (1950), demonstrando a importância dos contos de fadas para a formação e desenvolvimento de seu estúdio. Mesmo não tendo participado da produção dos outros dois filmes tratados neste trabalho, entendemos que os ideais de
Disney continuam atuantes até hoje em sua empresa, e que podem ser igualmente aplicados às outras adaptações.


Adentremos então o mundo dos contos de fadas...


            Ao começarmos por “Cinderela” ou “A Gata Borralheira”, veremos que a história possui milhares de versões; acredita-se que seja um dos contos mais antigos e também um dos mais conhecidos. O conto A gata borralheira, dos Irmãos Grimm, foi adaptado para desenho animado pelos estúdios Disney em 1950. A animação, que dura 74 minutos, difere bastante do conto, recolhido juntamente com outras histórias e publicado pelos irmãos no livro “Kinder-und Hausmärchen” (Contos Infantis e Domésticos), em 1812.

O desenho traz, inicialmente, uma narração feminina que situa o espectador na história, explicando que Cinderela era orfã de mãe e que seu pai resolveu se casar novamente, pois a menina precisava de amor materno. Aí já percebemos a primeira diferença, pois no conto a mãe de Cinderela ainda está falecendo e dá conselhos à filha. Na animação o pai falece e é então que a madrasta e suas irmãs postiças se revelam más e começam a maltratar a moça. Já no conto, a morte do pai não é comentada (ele apenas não é mais mostrado na história) e a madrasta e as irmãs são más com Cinderela desde o início. Na animação, a madrasta diz a Cinderela que ela pode ir ao baile se terminar suas tarefas (que são muitas. OMG!) e se conseguir arranjar algo para vestir. No conto, a provação pela qual Cinderela tem que passar é separar ervilhas jogadas na lareira. Como na animação não há ervilhas para serem separadas, os animais ajudam Cinderela a reformar um vestido que era de sua mãe, enquanto ela faz as tarefas de casa.  O vestido fica pronto, mas para impedir que Cinderela vá ao baile, as irmãs rasgam-no (o que não acontece no conto).


Na animação são inseridos novos personagens, como os animais (ratos, pássaros, gato, cachorro), o rei, o Grão Duque e a Fada Madrinha, além da madrasta, do pai de Cinderela, do príncipe e das irmãs postiças, que já estão presentes no conto. As irmãs são muito feias na animação e invejam a beleza de Cinderela, que é bem mais bela, além de cantar lindamente, diferentemente das irmãs desafinadas. No conto, as irmãs são belas de aparência e têm esperança de conseguir calçar o sapatinho, porém são feias internamente, egoístas e más de coração. Essa diferença se deve ao fato de que, nos desenhos animados, a maldade geralmente é representada pela feiura e a bondade, pela beleza exterior. O interior se reflete no exterior e vemos uma representação imagética das qualidades interiores dos personagens. Os animais têm muita importância na animação e ocupam grande parte da história principal, formando uma história paralela, um subenredo. Cinderela é amiga dos animais e de certa forma os acolhe, assim como eles a ajudam quando ela necessita. A única exceção é o gato de sua madrasta, Lúcifer (seu nome já revela seu lado mau e traiçoeiro), que é uma espécie de “vilão”, pois além de perseguir os ratos durante toda a trama, atrapalha Cinderela sempre que possível em suas tarefas diárias.

As cenas da animação intercalam Cinderela e as aventuras dos ratinhos fugindo do gato Lúcifer, o que traz certa dinâmica à trama, pois elas quebram a sequência narrativa principal, trazendo uma narrativa secundária. Essa “subnarrativa” é importante para descontrair a história, já que traz elementos de aventura e comicidade, os quais quebram as tensões da trama principal e captam a atenção do público infantil, que é difícil de ser mantida por muito tempo. No conto não há tantos animais, apenas as pombas, que ajudam Cinderela a separar os grãos de ervilha, mas só aparecem quando a moça está realmente em apuros.


A Fada Madrinha, embora tenha se tornado um personagem icônico na história dos desenhos animados, não aparece no conto dos Grimm e substitui a árvore mágica da primeira história. No conto, a árvore é plantada por Cinderela em cima do túmulo de sua mãe, que a aconselha a fazer seus pedidos debaixo dela sempre que estiver triste e precisando de ajuda. A árvore é regada pelas lágrimas de Cinderela, por isso é um “chorão”, ou salgueiro, que tem as folhas pesadas e apontadas para baixo, trazendo essa atmosfera de lágrimas e tristeza. No desenho, Cinderela chora sentada em um banco, debaixo também de um “chorão” e, embora a árvore não seja mágica, é nesse momento que a Fada Madrinha aparece para ajudá-la. A fada encarna todo o aspecto mágico da história e é representada por meio da figura de uma “velhinha simpática”, que adiciona elementos cômicos à história também, pois é atrapalhada, esquecida e divertida (uma personagem acessível para as crianças e uma gracinha).

            No conto, os trajes do baile caem da árvore nas mãos de Cinderela, já na animação é a Fada Madrinha que transforma não só suas roupas, mas também a abóbora em carruagem e os ratinhos e o cachorro em cavalos e um cocheiro, que a levarão até o baile real. A Fada Madrinha explica que, à meia-noite, tudo voltará a ser como antes; no conto, as pombas apenas dizem que ela precisa voltar pra casa antes da meia-noite, sem explicar o porquê. Com isso, percebemos que na adaptação da Disney, tudo é mostrado com mais detalhes e de forma lúdica, com a intenção de entreter e captar a atenção do público infantil.

O rei e o Grão Duque são outros dois novos personagens da adaptação para as telas. Embora não apareçam tanto, são bem trabalhados e acabam tendo mais atenção na história do que o próprio príncipe, que aparece em pouquíssimas cenas. O rei sonha com o casamento do filho, pois deseja muito ter netos. Assim, organiza o baile com a intenção de arranjar uma esposa para ele. A animação mostra o rei sonhando que brinca com seus netos, o que, no universo infantil, poderia ser interpretado apenas como um homem solitário que gosta de crianças. Entretanto, poderia revelar também a questão da procriação, muito importante naquele cenário para gerar herdeiros ao trono e manter a família real no poder.


Outra diferença que podemos notar é que no conto o baile dura três noites (Let’s party), e no desenho apenas uma, na qual Cinderela perde seu sapato de vidro enquanto foge à meia-noite nas escadarias do palácio. Aqui notamos outro detalhe: no conto dos Grimm, o príncipe ordena que derramem piche nas escadas, para que Cinderela fique com os sapatos grudados e não consiga fugir na terceira noite. Já na adaptação da Disney, ela apenas perde o sapato por estar com pressa. Assim como a adaptação para o filme traz maior detalhamento de alguns aspectos, também causa a supressão de outros, pois, tratando-se de um recurso acima de tudo visual, determinadas cenas, se mantidas, ficariam cansativas.

Sobre a principal personagem, Cinderela, pode-se perceber que no desenho animado ela é, algumas vezes, mais determinada que a Cinderela do conto. Por exemplo, quando ela manifesta seu desejo de ir ao baile e suas irmãs tiram sarro dela, Cinderela as “enfrenta”, dizendo que tem tanto direito de ir quanto elas. No conto, Cinderela aceita as humilhações sem questionar. Contudo, a Cinderela do desenho é altamente submissa na maior parte do tempo também.

            O final do desenho animado é semelhante ao final do conto: o príncipe visita todas as moças do reino em busca daquela que calçará perfeitamente o sapato deixado nas escadarias do palácio (mas no caso da animação, é o Grão Duque quem as visita, colaborando para verossimilhança da história). Cinderela vai se lavar e se vestir, sabendo que o Grão Duque fará uma visita a todas as casas do reino. A madrasta, porém, tranca Cinderela no quarto para que ela não seja vista, enquanto suas filhas tentam calçar o sapato. No conto, a madrasta ordena que suas filhas arranquem uma parte de seus pés (a primeira o calcanhar e a segunda os dedos), para que eles caibam no pequeno sapato. Já no desenho animado, esse detalhe é suprimido e elas apenas não conseguem calçá-lo, pois seus pés são muito grandes. Esse detalhe parece sem importância, mas vemos aí como as histórias sofreram modificações ao longo dos séculos para atender ao público infantil, que também adquiriu outras características de acordo com seu tempo. Os estúdios Disney jamais mostrariam os pés sendo cortados, seria uma cena “forte” para as crianças e, por isso, desnecessária, já que a partir do século XX a ideia de “politicamente correto”  começou a se tornar mais forte e a criança começou a ser mais protegida pelos adultos e, de certo modo, privada dos problemas do mundo, o que não ocorria durante a época dos irmãos Grimm.


            Por fim, Cinderela consegue sair do quarto trancado e se “voluntaria” pra
 Por fim, Cinderela consegue sair do quarto trancado e se “voluntaria” pra calçar o sapatinho (no conto, ela é chamada a se apresentar). No desenho, a descoberta de que Cinderela é a dama que o príncipe procura se dá porque o sapatinho lhe serve e nas irmãs não; já no conto, é necessário que as pombas apontem o sangue que escorre para o príncipe perceber que fora enganado antes de encontrar sua noiva verdadeira. Nesse ponto, poderíamos dizer que a animação é mais convincente que o conto em relação ao reconhecimento. Por ser o Grão Duque, e não o príncipe, que visita as donzelas, é aceitável que ele não seja capaz de reconhecer o rosto de Cinderela (mas isso é esperado de alguém que dançou com ela durante três noites). O fato de o sapatinho servir apenas no pé de Cinderela também reforça o fato de não haver dúvidas de ser ela a noiva; no conto, não fossem as pombas, o príncipe se casaria com a moça errada. Ainda assim, o final de ambas as histórias é feliz, Cinderela e o príncipe se casam e são “felizes para sempre”, como em todos os contos de fada de príncipes e princesas.


Enquanto isso nos caminhos da floresta....


        O filme Caminhos da Floresta (Into the Woods), produzido em 2014, é uma adaptação do musical que teve sua estreia em 1987 na Broadway, com letra de Stephen Sondheim e roteiro de James Lapine. Apesar dos inúmeros aspectos que poderiam ser tratados a partir dessa adaptação (do teatro para o cinema), tratar do musical original foge do escopo e proposta deste trabalho; portanto, a análise será feita apenas considerando o filme da Disney e o conto dos Irmãos Grimm, fazendo também algumas referências ao desenho animado.



            Assim como a animação de 1950 (que se inicia com a abertura de um grande livro), o filme Caminhos da Floresta lembra a origem dos contos de fada na medida em que apresenta a voz de um narrador. Se levado em consideração que o filme possui recursos cinematográficos que dispensam um narrador explícito (uma vez que a história é mostrada ao invés de narrada), a presença desse elemento recorda a tradição oral dos contos de fada, uma vez que tais histórias eram contadas. E, mesmo depois de serem registradas em papel, o costume de contar (seja por memória ou através da leitura em voz alta) permaneceu. O início da narração também é típico de contos de fada: o “Era uma vez, em um reino muito distante…” (“Once upon a time, in a far off kingdom…”) dá a ideia de distância e imprecisão não apenas temporal, mas geográfica também. Desse modo, o pacto leitor-autor (ou, nesse caso, espectador-roteirista) fica mais fácil de ser realizado - em um mundo remoto de um passado distante, tudo pode acontecer, inclusive bruxas, gigantes e situações que seriam absurdas na vida real. 


            Apesar de Cinderela ser a primeira história a aparecer no filme, ela já começa com a donzela desejando ir ao baile (o que ocorre no conto dos Irmãos Grimm apenas depois de um terço da narração). Tudo o que era anterior a esse momento na história (a morte dos pais de Cinderela, o segundo casamento que trouxe a madrasta e suas filhas para a casa da menina, a árvore plantada no túmulo da mãe) é brevemente citado pelo narrador à medida que os elementos e personagens aparecem. Diferentemente do desenho animado, o filme da Disney (considerando a história da Cinderela) constantemente mostra referências diretas e indiretas ao conto dos Irmãos Grimm, o qual serve de base para toda a construção dessa história dentro do enredo maior. Entre as referências diretas, podemos encontrar a própria citação de alguns trechos do conto inseridos através da voz do narrador. Um exemplo é quando se faz a descrição das irmãs, que eram “lindas em aparência, mas feias e sombrias no coração” (“[...] beautiful of face, but vile and black of heart.”).  Quanto às referências indiretas, percebemos elementos que se repetem, como, por exemplo, o pote de lentilhas jogadas na lareira como condição para Cinderela ir ao baile; a mutilação dos pés das irmãs (por parte da madrasta) e dos olhos, por parte dos pássaros; a estratégia do príncipe de colocar piche nas escadas do palácio para Cinderela não fugir.

            Como já citado, há diversos elementos do conto que são revisitados no filme; todavia, por tratar-se de uma adaptação, há também uma variedade de modificações (Igual, mas nem tanto!). Assim como no conto dos Irmãos Grimm, a condição que a madrasta dá para que Cinderela possa ir ao festival é a de recolher todas as lentilhas jogadas na lareira, além de terminar suas tarefas a tempo do baile. E, assim como no conto literário, Cinderela recebe ajuda dos pássaros para realizar tal tarefa. No entanto, a ação aqui não se repete (no conto ela recolhe as lentilhas duas vezes) e os pássaros não falam - apesar de entenderem e serem entendidos pela garota.


            Considerando o fato de que a história não mais pertence ao universo oral, certas repetições tornam-se desnecessárias e muitas vezes não ocorrem ou são substituídas por outros elementos, como a canção por exemplo. Isso acontece porque, no universo oral, as repetições não só auxiliavam na memorização, como também chamavam a atenção de quem as ouvia. Ao longo do filme, é possível observar ainda outras supressões de elementos que se repetem, como o pedido que Cinderela faz à árvore (no conto, há três pedidos; no filme, apenas um). Por outro lado, algumas repetições são mantidas, como Cinderela fugindo três vezes do festival, e a sequência de noivas para vestir o sapatinho até que o príncipe encontre a verdadeira. A manutenção das repetições ocorre não tanto pela recordação da oralidade, mas antes por se fazerem necessárias para o andamento da história central do filme.


            Além das repetições (suprimidas, mantidas ou alteradas), há ainda outras alterações do conto, como o questionamento de certos valores antes tomados como “lei”. Um exemplo é quando Cinderela arruma o cabelo das irmãs e recorda os conselhos que seus pais lhe deram (“Mother said ‘be good’, father said ‘be nice’ (...)”) e ao mesmo tempo os questiona - por que ela deveria ser boa e gentil, se os outros não o são com ela? (Acho justo!). Há aqui a figura de uma menina que pondera, questiona não apenas os outros, mas ela mesma, sem saber muito bem o que deseja realmente. A questão do desejo e dos meios de conseguir o que se quer é colocada no filme, não apenas na história da Cinderela, mas nas outras histórias também (fator que não aparece no conto). Em Caminhos da Floresta, Cinderela é uma personagem extremamente indecisa, que não sabe ainda o que almeja. Ela questiona-se constantemente e é questionada por outros personagens (o espírito de sua mãe, por exemplo) sobre suas ambições. É possível estabelecer uma conexão entre esse tema e outro que aparece no filme: o de escapar dos extremos. Alguns personagens experimentam realidades fantásticas e incríveis, que os modificam e possibilitam que observem a realidade de modo diferente, como João (de João e o pé de feijão) e a própria Cinderela. E, ao fim de tais experiências, esses personagens adquirem sabedoria para entender que o meio é melhor que os extremos, que, às vezes, a realidade é melhor que a fantasia realizada. João, ao contar ao padeiro sobre terríveis gigantes que vivem no céu ao redor de tesouros, manifesta seu desejo de conseguir viver entre o céu (mundo desconhecido e maravilhoso) e a terra (mundo conhecido e banal), assim como a capacidade de encarar esse mundo conhecido como se fosse um mundo novo, pois está sujeito a outro olhar. Com Cinderela não é diferente. Ao se separar do príncipe, ela diz que enquanto a casa de seu pai era um pesadelo, a dele era um sonho; mas ela queria algo no meio disso (que é justamente a realidade). 


            Ao contrário do conto, a Cinderela, no filme, não se mostra satisfeita com a noite do baile, nem perdidamente apaixonada pelo príncipe com o qual dançou a noite toda. Ao ser questionada sobre a fuga do baile, a garota responde que não era o que ela esperava (“It’s not quite what I expected”) e não demonstra grandes encantos pelo príncipe. Apesar disso, Cinderela mostra, posteriormente, elementos de que o ama (fica feliz quando descobre que ele a quer e se importa, é feliz ao se casar e diz que sempre amará o príncipe distante). Há aqui, de certo modo, uma desconstrução da história de princesa básica – a donzela, ao se deparar com um príncipe que mostra interesse por ela, não se sente realizada e apaixonada de imediato.


            O príncipe, por outro lado, está completamente apaixonado e determinado a ter Cinderela como sua esposa. Esse personagem, deixado um pouco de lado nos desenhos e contos, ganha aqui outra dimensão e sua figura é mais explorada, apesar de servir como paródia para o modelo de príncipe encantado. Suas características são tão acentuadas que o tornam um tanto inverossímil e até mesmo cômico. O elemento cômico é inserido no filme como recurso para prender a atenção do espectador e não deixar a história (que é relativamente longa) tão pesada. Isso é explorado não somente na caracterização de alguns personagens (como o príncipe encantado e as irmãs más quando ficam cegas), mas também na narração (como, por exemplo, o tom de ironia na fala do narrador, ao relatar a terceira noite do baile: “as for the indecisive Cinderella, she fled from the prince… again”). 


            A caricatura do príncipe encantado e determinados elementos cômicos da história, junto de certas reflexões feitas ao longo do filme, mostram uma desconstrução do conto de fadas. Quando tudo está bem e todos estão felizes, a esposa do Gigante que João matou invade o mundo deles e acaba com o “felizes para sempre”. O filme mostra o que acontece ou pode acontecer depois do final feliz. Agora a floresta está completamente diferente, os caminhos conhecidos tornaram-se estranhos e o real é inserido no maravilhoso. Os personagens são despidos de sua carga moral e não se mostram tão bonzinhos (último discurso da feiticeira diz que eles não são maus, nem bons, são “simpáticos”). O príncipe encantado, que representa o homem ideal para se casar, trai Cinderela e não é sincero. Ao mesmo tempo, ele próprio sofre uma desilusão amorosa ao perceber que, casando com seu amor, ele ainda queria mais. De certo modo, isso humaniza os personagens, na medida em que os identifica com características que todos temos - em algum momento, as pessoas cometem erros, ninguém é sempre perfeito.

           

Descendo pelas tranças...




           Enrolados (2010) é  animação produzida pela Walt Disney Animation Studios e distribuído pela Walt Disney Pictures. Trata-se de uma adaptação com maior distância temporal do conto literário, e que portanto, traz muitas inovações e apresenta muitas diferenças.  Nessa versão da história ao invés de camponeses, temos um rei, uma rainha e a explícita existência de magia sob a forma de uma flor nascida de uma gota de pura luz do sol que atingiu o solo, trazendo poderes de cura e regeneração. Gothel é uma mulher egoísta e vaidosa, que faz o uso exclusivo dos poderes dessa tal flor para se manter eternamente jovem.

Percebemos, logo de início, uma inversão (a linhagem de Rapunzel é nobre e a do “príncipe” – nesse caso “mocinho” – é pobre) e também o que poderíamos chamar de transferência, na questão da magia. Enquanto que no conto quem possui poderes é Gothel (pois é uma feiticeira) e Rapunzel (através de suas lágrimas cura o príncipe), aqui o poder mágico pertence inteira e exclusivamente a Rapunzel, ou mais especificamente aos seus cabelos, – transferido por conta da gravidez (ao ingerir o chá da flor mágica, a magia passou para o feto). Apesar de haver diferenças profundas na história, alguns elementos permanecem, ainda que com valores diversos. 


Uma hipótese para diferenças tão marcantes seria a necessidade de inovação das adaptações. Tratando-se de muitas as versões que recontam essas histórias imemoriais, elas acabam tornando-se repetitivas e, para conquistar o interesse do público, é necessário buscar por inovações, pois dessa forma a história não será tão previsível e se mostrará mais convidativa. Ao mesmo tempo, é necessário manter determinados aspectos de modo que o reconhecimento da referência seja realizado de maneira eficaz. 

No desenho animado, a divisão de quem é bom e quem é mau é clara: os pais de Rapunzel são bons governantes e não cometem abusos para fins individualistas (como os pais de Rapunzel no conto dos Grimm, que roubam para satisfazer um desejo). A rainha não ingere a flor porque a deseja e sim porque a necessita para sobreviver. Analogamente, Gothel é inteiramente má e interesseira no desenho, enquanto que no conto demonstra amor pela menina (apesar de ainda ser caracterizada como má). Decidida a permanecer jovem para a eternidade, Gothel (diferentemente da versão dos Grimm, onde os pais entregam sua filha), sequestra a menina e a trancafia numa torre, isolada no meio da floresta. Ela não se importa realmente com a garota: seu interesse é única e exclusivamente no poder contido em seus cabelos. 

Uma das principais diferenças entre o conto e a adaptação cinematográfica da Disney se dá no modo de tratar a questão amorosa. Primeiramente, Rapunzel não deseja sair da torre para que possa casar e sim por uma questão existencial – ela acredita que as “luzes flutuantes” que aparecem anualmente em seu aniversário tenham algum significado relacionado a ela e sua identidade. Ela explicita seu desejo de sair da torre aos dezoito anos, pedido que Gothel firmemente nega, ressaltando que ela jamais deverá sair daquela torre, pois, segundo ela, o mundo é um lugar cheio de perigos. 

Além disso, há o fato de que não temos um príncipe e sim um ladrão, que após roubar a coroa da "princesa perdida" é perseguido e vê na torre, aparentemente inabitada, o local perfeito para esconder-se. Tal qual o conto, Rapunzel se assusta com a presença daquele homem, no entanto, em vez de conversar com ele, ela simplesmente lhe dá uma "frigideirada", deixando-o inconsciente. Quando ele retoma a consciência, está amarrado pelos cabelos dela (nessa versão são retratados soltos, sem as tranças), que propõe um trato: se ele a levar para ver as luzes, ela devolverá a coroa roubada que ela escondeu. Após passarem por diversos perigos e aventuras eles finalmente conseguem ver, pessoalmente, as luzes flutuantes com as quais Rapunzel tanto sonhava. Em meio às lanternas, em uma cena deslumbrante, os dois percebem estar apaixonados. A relação entre Flynn e Rapunzel é, portanto, estabelecida por conta de interesses pessoais – ela o quer como guia e ele quer obter sua tiara de volta. Não há paixão entre eles. Isso aflora aos poucos conforme eles passam por aventuras juntos e se conhecem melhor, desfazendo a ideia de que apenas com um olhar é possível conhecer o amor de sua vida. Outra diferença que vale a pena ser apontada e que, nessa versão, Rapunzel não engravida. Isso se dá porque os estúdios Disney evitam ao máximo deixar qualquer indício de que seus personagens têm relações sexuais.
 

Mas a realização amorosa não se dá logo que os personagens se apaixonam. Rapunzel (e Flynn) é enganada por um plano de Gothel e volta à torre, mas, ao examinar um souvenir trazido do reino onde o ocorria o evento das lanternas, Rapunzel percebe a relação que as lanternas têm com ela, se dando conta de que é a princesa perdida. Rapunzel questiona Gothel, a desafia e ameaça abandoná-la o que faz com que a velha a prenda. A diferença com o conto é marcante, pois na história dos Grimm, em nenhum momento Rapunzel questiona o fato de Gothel ser sua mãe e, ao invés de acorrentá-la, a feiticeira a manda para longe. Existe um contraste entre o possível amor ferido da feiticeira pela garota que criou e a vaidade da mulher que não quer perder seu objeto de desejo.   


A cena de “resgate”, no entanto, é muito semelhante à encontrada na versão dos irmãos Grimm. Flynn chega à torre com toda a determinação de um príncipe (até vai montado num cavalo branco) e cai em uma segunda armadilha de Gothel: ao pedir que Rapunzel jogue os cabelos, quem joga é a velha e ao chegar ao topo, ele se depara com sua amada aprisionada. Em estado de choque ele é surpreendido por uma punhalada de Gothel que, após tê-lo feito, decide levar Rapunzel para um novo cativeiro. A garota resiste, mas oferece uma alternativa: se Gothel permitir que ela salve Flynn, ela a seguirá para sempre, para onde quiser e jamais tentará fugir novamente. O próprio resgate se inverte: quem salva agora não é o mocinho e sim a donzela. A isso seguem-se mais duas inversões: quem corta o cabelo de Rapunzel é Flynn e quem cai da torre por tropeçar é Gothel. 

Nesse momento ocorre o que é chamado no ramo cinematográfico de “a morte do herói”. Trata-se do momento onde tudo parece estar perdido na jornada: Flynn está gravemente ferido e sua única salvação era o cabelo mágico de Rapunzel. No entanto, como ele foi cortado, ficou castanho e perdeu seu poder, eliminando a possibilidade de Flynn ser salvo. Desse modo, todos os elementos apontam para um futuro funesto – é possível perceber isso até mesmo na recursividade de cores, neste momento, apagadas. Entretanto, outro recurso comum nos roteiros de filmes é que, após da morte do herói vem a sua “ressuscitação”, isto é, algo ocorre para que a situação se inverta e acabe tudo bem. O que ocorre é justamente o que aconteceu no conto dos irmãos Grimm: Rapunzel chora por seu amado e suas lágrimas, carregadas de poder, o curam. As cores tornam-se então extremamente vibrantes e há uma sequência de acontecimentos felizes que concluem a história. 


Na floresta de Rapunzel....



            Para o musical da Disney (2014), a história da Rapunzel funciona como elemento causativo de todo o enredo que se sucede. Os protagonistas do filme são um padeiro e sua esposa, que desejam ter um filho, mas não podem, porque estão sob uma maldição. Essa maldição faz parte da história de Rapunzel. No conto tradicional, os pais da menina roubam o jardim de sua vizinha e são castigados, perdendo sua filha. O filme adapta essa versão, misturando elementos de outras histórias e inserindo outros; além de roubar o rapunzel (um tipo de alface que origem ao nome da princesa) e outros frutos do jardim, o pai também rouba feijões mágicos (aqueles do João e o pé de feijão), o que faz com que a bruxa perca sua beleza. Tomada pela ira de ter seus feijões e sua juventude perdidas, a bruxa joga uma maldição na família e toma a criança que lhe fora prometida. O castigo imposto ao casal não é somente o de perder sua filha, portanto, mas o de não perdurar: aqui Rapunzel tem um irmão mais velho, que fica estéril por causa da bruxa.  Esse irmão é justamente o padeiro. A partir disso, todo o filme se desenrola na tentativa de se desfazer a maldição. 


Entretanto, a história de Rapunzel não serve apenas como referência ou “gatilho” para o enredo maior; ela também é retratada paralelamente à trama principal. E, assim como em Cinderela, percebemos aqui, referências claras e diretas ao conto dos irmãos Grimm: o príncipe também é atraído pela linda voz da moça e, assim como no conto, aprende como subir na torre observando a bruxa; ele é cegado pela feiticeira através de espinhos e volta a enxergar por causa das lágrimas de Rapunzel, igual à história tradicional.


O elemento cômico, já presente nas cenas de Cinderela, se dá aqui quando o príncipe de Rapunzel encontra, na floresta, o príncipe de Cinderela e ambos começam uma espécie de duelo de canto sobre a agonia que sentem por não terem suas respectivas amadas – um por sempre ter sua donzela fugindo e o outro por ter sua donzela trancada numa torre sem portas e escadas. A figura do príncipe é novamente explorada com maior atenção, mas, também é utilizada para efeito cômico (o príncipe de Rapunzel é apresentado como “bobo” e atrapalhado). Na cena de encontro dos irmãos percebemos novamente a história de Rapunzel contribuindo para o andamento do enredo principal: a mulher do padeiro ouve que há uma jovem com cabelos da cor de milho – um dos artigos que a bruxa havia pedido – no alto de uma torre e como faz para subir até lá. 



Outro fator interessante de ser analisado é a figura da "bruxa". No filme, há a desconstrução da ideia de que a bruxa é o elemento maligno da história. Ela é uma personagem mais complexa no filme, no sentido de não poder ser classificada como boa ou má. Ela demonstra, acima de tudo, que ama Rapunzel como se fosse sua filha. Também é mais sensata e racional que os outros personagens do filme, mas mesmo assim age por impulso (ao cegar o príncipe e banir Rapunzel, por exemplo). Ela funciona também como elemento de identificação com os pais das crianças – que tentam ensinar e proteger seus filhos, mas muitas vezes o fazem de maneira equivocada e acabam por perdê-los. Isso é retomado na segunda parte do filme, que traz o “depois do felizes para sempre”, quando a bruxa reencontra Rapunzel e quer voltar a tê-la junto de si. Ela se defende das acusações da filha e do príncipe alegando ter “tentado ser uma boa mãe” e tenta avisá-la sobre um perigo iminente (a gigante que está destruindo tudo). No entanto, assim como muitas crianças, Rapunzel não a ouve e vai embora com seu príncipe.




Entre semelhanças e diferenças, também vale ressaltar o fato de que tanto no conto quanto no filme, Rapunzel é banida. Porém no conto ela vai para o deserto, já no filme, ela vai para um pântano. Acreditamos que essa mudança se deu porque o pântano fica mais próximo da floresta, ambientação principal e fundamental para o filme. Toda a trama se passa na floresta e a importância desse elemento já é trazida no próprio nome do filme (Caminhos da Floresta); levar Rapunzel para longe dessa ambientação prejudicaria um dos enfoques principais do filme e, portanto, seria mais viável mantê-la nesse universo da floresta. Outra diferença é que no conto dos Grimm, Rapunzel já tem dois filhos – gêmeos: um menino e uma menina – o que indica que ela e o príncipe tiveram relações sexuais. No filme não, o que mantém a pureza das princesas para o universo infantil presente nos filmes da Disney. 


Não sabemos exatamente o fim que teve Rapunzel e o príncipe no musical, mas notamos muitas semelhanças com o conto dos irmãos Grimm, assim como no caso de Cinderela, o que é interessante de se notar, uma vez que o filme resgata a tradição de oralidade dos contos e traz uma possível origem para eles.


E foram (mas nem sempre) felizes para sempre.


           

O tempo é o elemento que inicia e encerra esta análise. Tenhamos sempre em mente que para sempre é tempo demais. A origem dos contos de fadas em uma sociedade onde a oralidade era o principal meio de disseminação da tradição evidencia o fato de que não podemos tomar como “original” qualquer das versões existentes das histórias infantis. Contudo, precisamos e devemos levar em consideração a forma como elas foram contadas e as diferentes sociedades em que elas emergiram, e como se alteraram com o tempo. As adaptações e reformulações de textos literários infantis refletem a evolução (sem julgamento de valor) do imaginário social do local onde essas mesmas mudanças surgem. Um texto, seja narrado oralmente ou de modo escrito, representa um conjunto de significados e valores sociais que visam elucidar (in)diretamente um imaginário social. As atenuações realizadas por Walter Disney nas adaptações cinematográficas, por exemplo, aconteceram porque se fazia necessário naquele momento, onde crianças eram vistas como seres frágeis que deviam ser privados da verdade, como as mazelas do mundo. E, por isso, privilegiaram-se os elementos mágicos e fantasiosos para dar espaço ao florescimento de uma cultura infantil lúdica. O mesmo não se aplicava à sociedade onde os irmãos Grimm criaram-se, já que, mesmo sendo ali o berço dos conceitos/ideia “criança” e “juventude”, com eles também surge a necessidade de se educar pedagogicamente esses petizes humanos para a vida adulta, e, dessa forma, justificamos a presença de elementos e características tão verossímeis e, até certo ponto, cruéis das histórias e dos personagens. 


            Além disso, a adaptação para o cinema, que pressupõe uma versão escrita que, por sua vez, surge de uma versão oral, já diz muito por si só. A sétima arte vem para revolucionar a forma como narramos. Os recursos semióticos que, de fato, se concretizam em um filme, dizem muito sobre a atual sociedade na qual estamos inseridos. O slogan capitalista “tempo é dinheiro” nos impede, muitas vezes, de ouvir ou ler uma história, já que isto tomaria certo tempo da nossa rotineira correria. A cinematografia, nesse caso, combinaria com a vida moderna ao promover o acesso às narrativas de uma forma mais compacta, interessante e agradável. O filme infantil é mais abrangente que o livro no sentido de alcançar camadas menos privilegiadas da sociedade e tornar-se convidativo porque está mais estreitamente relacionado ao entretenimento do que à reflexão pedagógica imediata. Os Caminhos da Floresta (2014), por sua vez, revoluciona o mercado de entretenimento infantil dando um passo além ao retomar as versões dos Grimm nos contos de fadas. E isso tudo, possivelmente, devido ao advento da internet que escancara a realidade e a põe na mesa para quem quiser se servir. Por conseguinte, o elemento lúdico, que não se elimina abruptamente, abre espaço para a retomada daquela verossimilhança presente nos contos antigos, e leva em consideração também os valores presentes na sociedade atual. 

            Dessa forma, o tempo conduz a evolução e recicla o imaginário humano. As histórias contam daquilo que somos e o que pensamos. O “era uma vez” será ainda por muitas vezes, e os "felizes para sempre", sempre durarão o tempo que o tempo permitir, para que outros “sempre” assumam sua forma de ser e existir.

                       

Camila Nayara Biasotto Silva
Felipe Menezes de Souza
Guilherme Yoshioka
Helena Regina Ferreira Duarte
Natália Bergamin Retamero
Olívia Lima
Renata Del Moro



Referências


Livros:

GRIMM, Jacob & Wilhelm. Grimms's Fairy Tales. Editora Collector's library,2014.

GRIMM, Jacob & Wilhelm. Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos - Translation by Christine Röhrig. São Paulo: Cosac Naify, 2012.


GRIMM, Jacob & Wilhelm. The brothers Grimm: 101 fairy tales - Translation by Margaret Hunt. San Diego: Canterbury Classics, 2012

CUNHA, Maria Zilda. Entre livros e telas a narrativa para crianças e jovens: saberes sensíveis e olhares críticos. São Paulo: Revista Via Atlântica, 2008.

MACHADO, Ana Maria.
Contos de fadas de Perrault, Grimm, Andersen & outros. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.

STAM, Robert. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. New York University. Florianópolis: 2006.

TATAR, Maria. Contos de Fadas.Translation by Maria Luiza X de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2013



Filmes:

"Caminhos da Floresta", título original "Into the Woods"
Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine
Gênero: Fantasia Musical
Estúdio e distribuição: Walt Disney Pictures
2014

"Cinderela"
Direção: Clyde Geronimi, Hamilton Luske, Wilfred Jackson
Roteiro: Baseado no livro de Charles Perraut
Gênero: Animação Fantasia
Estúdio e distribuição: Walt Disney Pictures
1950

"Enrolados", título original "Tangled"
Direção: Nathan Greno, Byron Howard
Roteiro: Dan Fogelman
Gênero: Animação Fantasia Musical
Estúdio e distribuição: Walt Disney Pictures
2010


Sites:






(Últimos acessos em Abril de 2015)
 


[1] Sabemos que existe uma versão mais recente do conto Cinderela, no longa-metragem de 2015 “Cinderela”, entretanto como não há um longa do conto da Rapunzel o trabalho escolheu não tratar deste filme.

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